quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Sinto uma coisa por ele que meu coração não ousa classificar

o teu amor é uma mentira
que a minha vaidade quer
e o meu poesia de cego
você não pode ver
não pode ver que no meu mundo
um troço qualquer morreu
num corte lento e profundo
entre você e eu


eu nunca quis te cortar da minha vida. nunca. entre todos os propósitos, todas as coisas que nós dissemos um ao outro, você nunca saiu. porque um dia eu acordei e amei você, amei com a intensidade de quem ama o sol. era tão bonito, tão completo. não me desfaço de você para não me desfazer de mim, sem laço, sem glória.
e quando você diz que minha respiração muda, que meu tom de voz muda é porque eu me agrego a você na tentativa de entender o sublime que há em nós.
você entende?
eu disse tanta vezes o seu nome dentro de mim.
e quando eu te odeio, quero dizer que sinto muito por tudo o que você causou, sinto muito por te querer bem sempre. E só Deus sabe o quanto isso é horrível.
querer bem a quem nos mutilou é como sangrar até morrer
é a alegoria dos desesperados
é a irônia maior da vida

no principio era o caos
enxergar na morte a vida
enxergar a morte em você
e em toda a temperança que nos rege.

(texto publicado originalmente no zipadas, em 22/06/2009)

Aquela

de que me adianta
fazer terapia
se é pelos teus pés que morro
se me atiro, insandecida
você é o meu acidente de percurso favorito
que me acelera o coração
quem diria
depois de todos esses anos
eu aqui, boba
insegura
meio loca
&
meio criminosa
canto mantras e peço a deus
pra me manter inteira, íntegra
mas só ele sabe
o quanto eu gosto desse perigo constante de viver amando
um homem
que não me ama

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Sangria Desatada

quero cozinhar pra você, quero ser ser o chão que tu pisa
quero ser a chave da tua casa, quero ser a razão dos teus dias, a luz que você venera, os livros que te corrompem
a fé que você não tem e o deus que você despreza
tudo
quero ser o que você vê no escuro do mundo
que como cazuza bem sabe, é onde esta o que você quer
quero ser a chuva violenta que caí solene e te arrasta
que destroí você 
destroí a mim
 você é o trem atrasado e furioso
que atropelou a minha vida naquela curva
e eu nunca mais voltei

é difícil estabelecer limites quando você não os reconhece;
não há limites,
não há fronteiras,
não há linhas de frente para o combate em tempos de paz.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

não quero que passe nunca
mesmo quando outro estiver dentro de mim
mesmo quando eu cuspir os meus dentes num acesso de fúria descabida
e mesmo quando eu me atirar no rio Pinheiros
é que eu te quero aqui
nas minhas veias
pulsando doloramente e me fazendo enlouquecer
como uma ferida purulenta
maldita e purulenta
porque esquecer é silêncio.