quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

heart(a)che

ouço as batidas do meu coração
misturadas ao compasso lento do trem que corre
a vida escoa lá fora
desaguando em rios putrefatos, amarelos e levemente mortos
a minha covardia atingiu nivéis 
nunca antes pensados
a minha fobia de encarar você é tão ridícula
que me olho no espelho
&
me traio
sabendo que de vítima eu não tenho nada
nem o nome
sou uma construção inacabada
sou uma mulher de costas no parapeito de um prédio em chamas
esperando qualquer redenção
cabível
assumindo papéis 
que não me cabem
espremendo meu peito numa vala comum
ordinariamente me entragando a medos tão antigos
quanto a própria morte
que grande clichê a minha vida se tornou

domingo, 16 de dezembro de 2012

domingo

chove uma chuva que eu gosto. quase quente, espantando as pessoas para os seus abrigos cômodos, onde esses pingos não podem mostram quem realmente são. raios. o momento da incompreensão, do quero aquilo que não sei o que é, do sou aquilo que não posso ser. em algum momento eu me mantive imóvel, um porque não sabia como me mover de qualquer forma, e dois porque aquilo tudo era só uma recordação estúpida. isso só pode ser o fim do mundo, eu penso. mas mesmo se fosse, você não daria a miníma, é esperto demais pra isso. e é por isso que você não espera nada de mim. não posso te dar nada, e você sempre soube disso.