sábado, 27 de abril de 2013

acabei de preparar um gnocci a pizzaiolo. massa e molho caseiros, feitos por mim.


agora vamos sentar no meio-fio e chorar?

tempo, eres más fuerte!

sexta-feira, 26 de abril de 2013

quinta-feira, 25 de abril de 2013

das amenidades da vida, parte II


 "Well, my conclusion is:
 Hate is baggage
Life's too short to be pissed off all the time. 
It's just not worth it."



bom, minha conclusão é: 
quando você tá triste, até o sensual edward norton de nazista te ensina algo.

terça-feira, 23 de abril de 2013

uma carta para frida kahlo


frida,



às vezes eu me sinto a mulher nesse quadro, friducha. me sinto você, quando diego, com toda a sua gordura e maluquice fez com que você chorasse, chorasse sangue e sofresse feito uma maldita.
o destino tem dessas coisas né? eu fui até a tua casa, aquela casa azul maravilhosa, fui celebrar a vida, as cores e a nossa ligação de outro mundo. foi provavelmente quando eu tava lá, contemplando tua cama e teu espelho de pintar que a casa caiu. a casa caiu friducha, e hoje, somos mulheres que reconhecem na dor o ponto de mudança e reviravolta de tudo o que vivemos.
tú me dá força, porque apesar de toda a adversidade o que eu vejo em suas obras, pequenas e intimistas, é a temperança. é a temperança que rege o mundo dos homens que erram. erram e nossos fazem tosar nossos cabelos, beber feito vaqueiros e blasfemar a vida. tua casa é tão linda, frida. tua casa é minha casa.
você sabe que isso é sobre perdoar né, frida? nos perdoar e perdoar o outro, ter essa coragem de seguir em frente. mas como eu li há pouco: there ain't no point in moving on til you got somewhere to go.
não perdoar é adoecer, e nós sabemos disso. não perdoar é não ter (a) onde ir.
me sinto tão pirada.
me sinto tão lúcida.
queria desligar esse piloto automático e cair no mar.
a salmoura me cura.
queria voltar e cultuar o senõr del veneno, na cidade onde meu coração se espatifou.
eu senti, frida. senti, assim como você sentiu quando (momentanêamente) perdeu seu panzon.
a gente sente. mulheres cancerianas e a dor de carregar o mundo. de gerar o mundo. de apaziguar o mundo.
esse seu quadro é tão emblemático pra mim.  tenho "unos cuantos piquetitos" impresso na minha mesa há anos, e sempre senti empatia pela mulher morta, nua e sem um par de sapato. nunca soube exatamente porquê, sempre pensei que fosse cancêr mais uma vez regendo a minha singela vocação de sofrer. mas não. essa mulher é você e sou eu também, e somos todas. todas.


porém (sempre haverá um porém, friducha) eu também me sinto você em "arbol de la esperanza"



"árvore da esperança, mantém-te firme"
se eu já não tivesse uma frase tua marcada nas minhas costas, eu escreveria essa.
você tem uma postura tão bonita, tão digna. serena, clara, viva.
"chora na tua cama que é lugar quente".
não importa o quão partida e dilacerada. tú botou o vestido mais vermelho de todo México e foi ser.

essa frase é sobre não ser covarde na vida.
deve ser por isso que eu te amo tanto, frida. mulheres corajosas, como as que tenho na minha familia, me inspiram a viver.
estou numa contra mão danada. porque às vezes eu só queria sentar no meio-fio e chorar um pouco pra lavar essa alma encardida.
às vezes não sinto força nos pés pra trilhar esse caminho.

mas a força tá aqui. em algum lugar.
assim como as suas cores que aquecem o inverno nesse círculo polar que a minha vida se tornou
suas cores me movem em apenas um sentido agora
único
unidade
ser
perdão


 obrigada, Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón
 minha  friducha,

da tua,
ali.


(olhos de sereia)

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Conforto

esse sofrimento
que também é transformação
deve ter acontecido pra dar uma sacodida na poeira da minha vida
que tava assim, mei sem eira nem beira
daí eu ouço chico buarque, esse muso
dizendo que amanhã vai ser outro dia
e pá
vai mesmo
dizendo também pra eu não me afobar, não, que nada é pra já
e todos esses emails que me chegam
e pasmem
nenhum é teu
e bagunça permanente de uma vida mutável
shiva
chuva
tú transformas, e me transtorna e me põe a pensar
arrumei o quarto, joguei tantas coisas fora
li uns mantras, acendi uma vela
pedi pela minha sanidade, me vi em águas, passadas:
esse grande moinho vai continuar girando
que pequenos nós somos,

grandes apenas em nossas mediocres confusões diárias
não tem importância mas é tudo tão  urgente

vejam bem:
não é

vida ciclíca.
um café, um cigarro e uma conversa fraca: tá aí a minha resposta, lenta e cálida, pra qualquer desses impasses insóluveis.




sexta-feira, 19 de abril de 2013

das amenidades da vida, parte I

quando você sofre por um pastel de feira
é que o bagulho é muito mais embaixo.




(que vidinha piegas, minha nossa senhora da aparecida do norte)

quinta-feira, 18 de abril de 2013

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Golfo Pérsico e o tempo

assim, amanheceu outro dia. estou atrasada.
amanheceu mais um dia e os dias vão continuar amanhecendo, não importa o quão insuportáveis e insustentáveis sejam as nossas dores
este blog não era sobre mim
sobre esta aline que vos fala
quebrada, meio louca, sem direção pra vida nesse momento.
era sobre pseudo-poesia, pseudo qualquer coisa. era bem mais sobre você, sobre a minha percepção do mundo ao amar alguém. sobre o lirismo dos meus pensamentos quando eu estava conectada a algo maior, muito maior que eu.
era sobre amar.
-aline, sua ridícula, eu penso.

acendi mais um cigarro, usei mais uma vez essa jaqueta de couro.
minha casa tá uma zona, tá tudo errado, tá tudo fora do lugar. a vida.
me sinto tão exposta, tão nua. nem minhas tatuagens podem esconder o que eu sou.
nada me cobre. 
eu sorrio. porque eu sei sorrir, sempre soube. E o desespero me causa tanta repulsa que sou capaz de qualquer coisa pra me manter sã. SÃ, observe só essa palavra. Eu, tão mulher de mim, me vi sozinha, perdida e parcialmente acabada. é a reviravolta da vida, crua, é nadar com os tubarões. Se joga, se vira, dá seus pulo, você tem que levantar da cama e levantar essa porra de cabeça. não é assim a música-mantra da sua vida? "Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé"?
tenho ouvido toquinho e vinícius o dia todo. se fosse um disco, era capaz de riscar. porque olha, sei ser bem obssessiva às vezes.e sabe no que eu sou mais obessessiva nessa vida?
em sobreviver.

"é que os momentos felizes tinham deixado raízes no seu penar"

é mais do que falta o que eu sinto em mim. é mais do que poder ou não poder sofrer, é mais do que segurar essa onda, é mais do que o ódio em seu estado mais puro. é mais. é tão sem tamanho, é sem nome, é ser orfã de mim mesma.

esse blog não era sobre mim.

esse blog agora é sobre o tempo.
o tempo de renascer, o tempo de ser fénix, o tempo de ser miserável, o tempo da tormenta, o tempo de ouvir o seu maldito nome e não morrer. de novo. de desgosto, de coléra, de tétano, de úlcera, de morte morrida.
porque não é mais sobre morrer isso aqui.
é sobre como viver meus dias comigo.
eu de novo

meu golfo pérsico,
eu sou amor também


esse blog sempre foi sobre mim.





terça-feira, 16 de abril de 2013

redial

todos os dias, todas as horas... eu observo a vida passar desesperadamente, correndo contra o tempo infinito.Abre essa porta, deixa o sol mergulhar de novo naquilo que chamamos de vida. O tempo terá acabado e eu estarei perdendo com glamour. Então porque apostar? Porque você acha que eu sou como eles, mas eu não sou. Deixa eu te contar a primeira parte dessa história. Quando você estiver caminhando de volta para casa sob a chuva que tanto gosta, as gotas em seus ombros pesaram uma tonelada. Eu quis estar errada sobre todos,todos,  menos sobre você, só pra minha consciência não me consumir. Você não compreende não é? Parece que não nos magoamos o suficiente. Quantas vezes ficamos juntos fugindo da tempestade lá fora, cujos ventos gelados poderiam nos levar a lugares mais ensolarados? Você realmente não compreende.... As ironias estão em nosso destino de guerra. A força das palavras nos faz cair abrupamente, perdendo nossos laços e vinculos. todos os dias, todas as horas... mais uma promessa foi quebrada. você não sentiu a minha falta porque sabia que eu sempre estaria lá, não é? O amor acaba. Eu amo a cicatriz, não a ferida.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

esse texto é pro meu tio, claudio moreira pinto

hoje (e talvez só por hoje) eu não consigo ter fé. eu não consigo enxergar o que é o amor. não consigo entrar em sintonia com o mundo. eu não consigo crer nas pessoas.
é lógico, é obvio, é claro como a água que uma desilução amorosa de proporções continentais faz isso com a gente. eu sei.
é muito estranho, e além de tudo é muito, muito difícil transpirar ódio. destilar veneno. ficar amarga. ficar doente.


porém...
é nesse exato momento da minha vida, onde tudo está desmorando, onde eu quero vomitar meu café e comprar uma arma, que eu me sinto mais amada. porque eu tenho uma pessoa chamada claudio moreira pinto.
esse é meu tio, o mais errado, o mais torto, o mais problemático da minha familia.
eu não consigo pensar em alguém que eu ame mais nessa vida.
daquele tipo de amor incondicional, de matar e morrer.
de largar tudo, porque só ele faz sentido.
de transbordar, de sanar todas as feridas abertas, vermelhas
meu coro tá saindo
meu estomago tá embrulhado
eu tô meio morta, pra ser sincera
e ele me chega em casa, me encontra prostrada e CANTA pra mim:


"Tantas você fez que ela cansou
Porque você, rapaz
Abusou da regra três
Onde menos vale mais
Da primeira vez ela chorou
Mas resolveu ficar
É que os momentos felizes
Tinham deixado raízes no seu penar
Depois perdeu a esperança
Porque o perdão também cansa de perdoar
Tem sempre o dia em que a casa cai
Pois vai curtir seu deserto, vai.
Mas deixe a lâmpada acesa
Se algum dia a tristeza quiser entrar
E uma bebida por perto
Porque você pode estar certo que vai chorar"

obrigada por me amar tanto. obrigada por me dar chão, me dar base.
é uma gratidão que não tem limite.
você me tem pra sempre.


terça-feira, 9 de abril de 2013

crescente fértil

amo porque dói
pelo mesmo motivo que brigo com a minha mãe
pelo mesmo motivo que risco meu corpo com tinta e sangro,
espalhando tatuagens dentro da alma
pelo mesmo motivo que ouço música alta que grita e dilacera,
com tanta intencionalidade e certeza, com tanta convicção
que a fluidez se torna o único caminho possível
pelo mesmo motivo que as bolsas de sangue se esvaziam e eu olho,
apaixonada, sã e sem nenhum tipo de lentes
pelo mesmo motivo que lambo os dedos e me delicio com o que há de mais prazeroso e errado
pelo mesmo motivo que a terminologia e a simbologia das palavras me tomam e me dizem
"vai lá, tenta de novo",
pelo mesmo motivo que todos os mares desaguam em mim, fundo
pelo mesmo motivo que te leio nas entrelinhas e sei da sua predileção pelo inverno
fosse de outro modo
eu estaria condenada a viver
uma vida de acasos
e nada mais

terça-feira, 2 de abril de 2013

Pacífico

então foi que eu
entendi o que era mar aberto
é assim, como teu peito,
revolto, sem amarras,
sem defesa, sem filtro
ele é
apenas sendo
e te avisam para não nadar nele
e te avisam que suas correntezas te arrastarão
e te avisam sobre a sua profundidade sombria e silenciosa
e te avisam que o risco é seu
mas não há
nem como pensar em resistir
e banhar-se em suas águas
é apenas o sentido da vida toda
é tudo que você esperou
ouvi suas ondas no quebra-mar
entrei em ti
e soube do meu lugar no mundo

tenho aqui todas as cores de que preciso,
e esse sol que aquece a América
uma língua que se enrola e não é a
minha pátria, pária:
ainda sim penso em todos os dias chuvosos que perdi ao teu lado