segunda-feira, 30 de setembro de 2013

das músicas que eu gostaria de ter escrito, parte II

Eu te amo

Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.

chico buarque de hollanda, eu te amo, vida, 1980.

sábado, 28 de setembro de 2013

não se afobe não....

de novo né deus
(aquele lá que eu não venero)
querendo gritar ao mundo
as palavras entaladas na garganta
são ingritáveis, meu amor
ás vezes é melhor sufocar engasgada
e se curar com o próprio veneno,
que nada mais é que a vida em si
portanto,
querido deus sheeva da destruição
as vezes eu não te ouço
eu não ouço ninguém,
a não ser as batidas desse coração a dois mil por hora
não ouço
não quero
quero apenas gritar
hoje
HOJE
urgência!
o importante sempre será hoje
amanhã é nada
quando o chico cantou
não se afobe não, que nada é pra já
ele não me conhecia
porque os escafandristas não vieram
eles não virão
daí eu ri
porque eu tô esperando um sinal seu, deus sheeva
e ele também não virá
mas tudo bem
pra mim
agora...tudo bem
o não sinal é o sinal né?
entendi
obrigada


que Lôco

eu consigo ouvir meu coração bater

É isso

"Ainda não aprendi. e desconfio que não aprenderei nunca. pelo menos já sei algo valioso: é impossível me desligar da saudade porque é impossível me desligar da memória. É impossível se desligar daquilo que se amou.
Tudo sempre estará sempre junto conosco. sempre teremos tanto o desejo de refazer o bom da vida como o de esquecer e destruir a lembrança do mau. apagar as maldades que cometemos, desfazer a recordação das pessoas que nos prejudicaram, remover as tristezas e as épocas de infelicidade.
 É totalmente humano, então, ser um nostálgico, e a única solução é aprender a conviver com a saudade. talvez, para a nossa sorte, a saudade possa transformar-se, de algo depressivo e triste, numa pequena chispa para o novo, para entregar-nos a outro amor, a outra cidade, a outro tempo, que talvez seja melhor ou pior, não importa, mas que será diferente. e isso é o que todos procuramos todo dia: não desperdiçar em solidão a nossa vida, encontrar alguém, nos entregar um pouco, evitar a rotina, desfrutar de nossa fatia de festa". 

Pedro Juan Gutierrez, sendo magnifico na minha vida como sempre foi.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

summertime sadness

eu gostaria de não me sentir tão ridícula agora
mas hoje
tua falta me doí tanto
o pedaço de mim
que chico cantou
te olho
e te vejo em copos de bebidas baratas
vagabundas
parece que só elas
em encorajam
a jogar tudo pro alto
e voltar pros teus braços
errantes
bêbada, não meço o tamanho 
do
tombo
nem o risco
desse
buraco
eu só quero
porque meu corpo pede
como uma droga
porque o quarto roda
porque tá foda
e eu tô perdendo a vergonha
to pedindo arrego
e to ficando loca

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

bloody sky

um arco formou-se sobre o céu
os sol não apareceu
todas as nuances da terra encontravam-se ali
misturadas às nuvens e aos caprichos dos deuses
os antigos e os novos
mas era vermelho
tudo era vermelho
sangrento
como uma batalha travada no firmamento
eu contemplei com desespero
aquele pequeno sinal
do avesso
céu vermelho
era como se fosse despejado sobre mim
todos os pecados do mundo
pesadelo
desassossego
curva de rio, ego
apego
foi
avante, valente,  sinal fechado
o fogo
o erro
o dia do juízo
o gozo
e a origem
e o medo
do medo





quinta-feira, 19 de setembro de 2013

antes da chuva

antes da chuva eu pensei
no deus que eu não venero
pensei que se
eu rezasse com afinco
ele poderia me dar o conforto que espero
poderia me dar a paz de uma vida
sem expectativa
onde eu aceitaria
as mazelas desse mundo
antes da chuva eu pensei
no cheiro de terra molhada
petrichor
que alenta o coração dos pobres
que alenta o coração dos amantes
que morrem todos os dias
de paixão febril
antes da chuva eu pensei
pensei em você
penso em você antes e depois da chuva
e todos os dias
e antes da morte
e quando o sol se põe
sempre penso
em que direção você está olhando
e o que você está vestindo
e o que você está amando
e em todas as coisas que pensamos

Estreito de Gibraltar

andanças pelo mundo errante
imergir, imergir
mergulhar, afundar, submergir
subexistir
substimar
amar, amar
mar
imergir
emergir
és meu estreito de gibraltar
separação natural
rebeldia nas águas
encontro de mundos
o mediterrâneo e o atlântico
ressurgindo atlandida
sonar dos homens
e navegantes perdidos
sou teu fundo
reino entre tesouros
pelos homens esquecidos
imerso e nada


domingo, 1 de setembro de 2013

every sky is blue, but not for me and you


moço, eu não sei se você tá bem

e de repente, surgiu um ônibus
pulsante e veloz, ele vinha
na contramão
impiedoso e feroz, ele vinha
seguia o seu curso pela via
a via sacra de todos os dias
e você tava lá, moço
eu te vi
eu te vi e não pude te parar
ninguém podia moço
...o impacto...o barulho...a fúria...
a inconscistência da vida fluída
a via muda
e os seus gritos
e os meus
e o silêncio tenebroso das vontades
e tudo aquilo que a gente deixou
de viver
deixou pra viver
depois
cessou
lenta e dolorosamente, cessou
secou
e como a via muda, emudecemos também
nos misturamos com o sangue
na guia, porta do mundo
nos vidros quebrados e nos ossos móidos
na dor de toda humanidade
e nos sofrimentos
latência, urgência, calafrio
o céu era todo azul
aquele dia, era
pra todo mundo
mas não pra mim e pra você, moço