sábado, 27 de julho de 2013

das músicas que eu gostaria de ter escrito, parte I

Communication

For twenty-seven years I've been trying
To believe and confide in
Different people I've found
Some of them got closer than others
Some wouldn't even bother
And then you came around
I didn't really know what to call you
You didn't know me at all
But I was happy to explain
I never really knew how to move you
So I tried to intrude through
The little holes in your vanes
And I saw you
But that's not an invitation
That's all I get
If this is communication
I disconnect
I've seen you, I know you
But I don't know how to connect
So I disconnect
You always seem to know where to find me
And I'm still here behind you
In the corner of your eye
I'll never really learn how to love you
But I know that I love you
Through the hole in the sky
Where I see you
And that's not an invitation
That's all I get
If this is communication
I disconnect
I've seen you, I know you
But I don't know how to connect
So I disconnect
Well, this is an invitation
It's not a threat
If you want communication
That's what you get
I'm talking and talking
But I don't know how to connect
And I hold a record for being patient
With your kind of hesitation
I need you, you want me
But I don't know how to connect
So I disconnect
I disconnect
 
(the cardigans, communication, long gone before daylight, 2003)
Os médicos estão fazendo a autópsia
Dos desiludidos que se mataram
Que grande coração eles possuíam
Vísceras imensas, tripas sentimentais
E um estômago cheio de poesia.
” 


Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 26 de julho de 2013

a nova droga russa

na impossibilidade de embarcar naquele vagão, recuei. estava com uma cena do trainspotting na cabeça. choose life. choose a fucking big television. daí acendi um cigarro e comecei a pensar: que porra eu tô fazendo dessa vida? mike renton olhou pra mim como quem diz: "fera, tá esperando o que? os erros que a gente deixa de cometer nos assombram pela infinidade dos dias fodidos que poderiam muito bem ter sido, mas não foram".
passo os dias a ter saudade; uma saudade tão inflamada, tão ridicula em seu tamanho que parece mentira. vale a pena todo esse martírio, renton? "não fera, não vale".
na impossibilidadede embarcar naquele vagão, me joguei nos trilhos.

chave

a minha paz está intimamente ligada ao caos que rege o mundo

quinta-feira, 25 de julho de 2013

sobre a falta

"e quando tudo isso passar,  amar outro(s), ter outro (s), ver outro (s) mundo (s)... é a confluência da vida, é o start, a chuva de verão batendo nas minhas costas, é a alegria, é o êxtase!"

mas enquanto não passa
tudo tem teu cheiro
e  as pessoas na rua, todas
são você num dia de chuva invernal
e a bebida demora a assentar
num passo largo, quase nada
e as viagens são todas pro mesmo lugar
e os sonhos,
ah, os sonhos
são montagens bizarras de recorte de tempo
atemporal, temporal meu
nas minhas memórias
nas minhas vértebras quebradas
verte o teu sangue
e o relógio parado que não existe
e o mundo sem dor e sem glória
eu me risco toda e me pinto
pra ficar menos obvia
a minha cara de ressaca
eterna
como o mar no dia primeiro de janeiro


andança

a cidade ficou doída
corri pro campo
o marasmo me deixou doida
fui ao encontro do meu amado mar infinito
me afoguei nas ondas
me afeiçoei tanto a esse sofrimento
que ele simplesmente não me deixa


terça-feira, 16 de julho de 2013

when you were young

minha ultima noite com 26 anos
bebo minha cerveja e fumo um cigarro
na esperança de dias melhores
para nós
(nós, esse pronome que rege a minha vida)
a vida continua a fluir
não menos nem mais dolorosa
ela apenas passa
diante dos meus olhos
e os dias que voam
no calendário
e minha pressa
e minha urgência
simplesmente não fazem sentido
faço parte de tudo
e de nada
estou em mil lugares
nao estando
cacos e alegria
dualidade intensa
temperança
uma moça chorando a beleza da noite

sexta-feira, 12 de julho de 2013

fazem 03 anos que o Dú morreu.

passei em frente ao Cemitério da Freguesia do Ó ontem, meu caminho solitário, diário e habitual, quando vi um monte de gente reunida, se abraçando e chorando e dizendo condolências umas às outras. pensei: "há exatos 03 anos atrás eu era uma dessas pessoas". é um sentimento tão louco. foram dias de extrema tristeza, de miséria, de questionar o inquestionável. foram meses de tormento, de choro doído, de alma moída, de desconforto. são anos de saudade e de amor incuráveis, anos de amizade feliz, verdadeira, recíproca. união, força, coragem.

fazem 03 anos que eu voltei a fumar.

seguir adiante sem você foi muito difícil; eu simplesmente não sabia o que fazer. nunca perdi alguém tão próximo à mim tão novo. eu não reconhecia mais aquele mundo onde eu fazia parte, e você não. parecia tudo tão fora do lugar...tão confuso...entrei numas vibes tão erradas sem você, cara. eu soluçava de chorar a cada vez que saía com meus amigos, porque parecia que eu não merecia aquilo. eu não merecia celebrar nada. não merecia estar num mundo sem você. eu expus ridiculamente meus sentimentos mais doloridos na sarjeta. eu não sabia me localizar mais. sua morte me fez pensar na minha própria irrelevância e mortalidade, na minha própria fragilidade. eu te bebi em mil garrafas de vodca barata, eu envergonhei meus amigos, eu exorcizei demônios que eu nem sabia possuir.
e todo aquele clichê de tempo (vai passar, vai amenizar, ele está melhor......) parecia apenas baboseira ridícula de quem nunca enfrentou o luto de peito aberto.

mas não era.

o tempo realmente cura feridas, veja você. demorei muito pra cair na real,viu?  demorei e quebrei a cara algumas vezes. eu precisava entender aquilo. entender aquilo de uma forma maior, e não mesquinha e egoísta  do jeito que eu estava fazendo. você sempre foi aprendizado pra mim, né eduardo? me ensinou em vida e me ensinou em morte. aquilo que eu tava vivendo não era digno da sua perda. foi um processo que eu tive que passar pra ressignificar minha própria existência, a minha própria vitimização. era (é) real, e era (é) dolorido. era a vida, a vida é assim.
demorei bastante tempo pra encontrar o equilibrio entre saudade e tormenta, entre vida e morte, entre eu e você. e nossa ligação. e tudo o que foi deixado disso. foram tantas coisas boas, cara. tem um grupo muito seleto de pessoas que se uniram depois que você se foi só pra recordar a sua importância nesse mundo. fomos visitar a sua mãe há menos de um mês atrás para falar sobre as burocracias de seus restos mortais,e olha...foi tão lindo. eu não cansava de olhar pro seu irmão que tem o mesmo modo de falar com as mãos que você tinha. eu te revivi ali, falamos tanta coisa boa, lembramos de nós mesmos e contamos as mesmas histórias que contamos toda vez que nos reunimos. sua mãe me pareceu bem, viu? serana, levando a dor dela com muita dignidade.fiquei muito feliz com aquele encontro.

sua morte precoce sempre será emblemática pra mim. tá na minhas veias. vou ter que viver com isso, e tenho vivido, meu grande amigo. vivo hoje com tudo o que construímos juntos. e consigo dar muito mais importancia pra tudo que nós fomos, pra tudo o que nós somos e pra tudo que nós sempre seremos do que pra aquele dia que perdemos você.
é tão bom quando a amargura dá lugar a saudade, no sentido pleno da palavra!
quando toda a loucura dá lugar a sanidade serena e verdadeira.
amor incondicional. a matriz de uma vida significativa.
já te disse obrigada um milhão de vezes em meus pensamentos.
sei que você vela por mim, eu apenas SEI disso.
não importa.
sempre me lembrarei de você como o melhor amigo que alguém pode ter.
como não me considerar um pessoa sortuda?
você me abençoa todos os dias.
sua existencia será celebrada por mim enquanto eu aqui estiver. com meus rituais de passagem.
você me ensina o que é o amor.
o amor é sangue.
e eu te amo.
(pra sempre!)



sábado, 6 de julho de 2013

voltagem

"pelos caminhos que ando
um dia vai ser
só não sei quando"
Leminski

percorri
rosário
buenos aires
cuzco
ollantaytambo
pizac
aguas calientes
machu picchu
rodei os andes
belo horizonte
vitória
bogotá
cidade do méxico
acapulco
guarulhos
osasco
são paulo

não estando você lá, te encontrei por todos os lados

terça-feira, 2 de julho de 2013

meu jeito

só mais uma coisa

vou desistir de tudo
pra ser eu mesma de novo
pra ser livre de novo

só mais uma luta
e eu serei história
e essa será a melodia

futuros amantes

eu já decidi
que vou seguir a minha vida
deixando pra trás
tudo aquilo que eu não puder carregar
só tenho dois braços
50 e poucos quilos
um coração capenga
e 20 tatuagens
simbólicas
eu não aguento o peso do mundo
que me arrebenta as costas
que me sangra até a morte
eu não aguento
talvez seja a hora
de abrir essas janelas
de arrumar a casa
de amar o infinito, a madrugada
que por mim clama
eu te espero
mesmo correndo
eu te espero
porque você me chama
e eu
surda de amor,
ouço





detalhes

o fato
dele saber
que a minha coca-cola
é sempre
sempre
sem gelo e sem limão
me faz chorar de desespero
no meio da rua

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Baltimore

saí por aí um dia vagando
pela cidade
procurando por tuas partes amputadas
como Isís procurou por Osíris nas margens do Nilo
pra te juntar em um altar divino
e fazer reviver todo aquele amor errado
(meu deus, como a gente amava errado!)
mas era aquilo que nos dava sustância pra vida,
era o alimento
parafraseando o deus todo poderoso do universo
tua falta se faz física
quântica
como uma ferida
que nunca se fecha
que não se cura
que me expulsa do meu corpo
esperando o dia
de partir para todo o sempre.