quarta-feira, 17 de abril de 2013

Golfo Pérsico e o tempo

assim, amanheceu outro dia. estou atrasada.
amanheceu mais um dia e os dias vão continuar amanhecendo, não importa o quão insuportáveis e insustentáveis sejam as nossas dores
este blog não era sobre mim
sobre esta aline que vos fala
quebrada, meio louca, sem direção pra vida nesse momento.
era sobre pseudo-poesia, pseudo qualquer coisa. era bem mais sobre você, sobre a minha percepção do mundo ao amar alguém. sobre o lirismo dos meus pensamentos quando eu estava conectada a algo maior, muito maior que eu.
era sobre amar.
-aline, sua ridícula, eu penso.

acendi mais um cigarro, usei mais uma vez essa jaqueta de couro.
minha casa tá uma zona, tá tudo errado, tá tudo fora do lugar. a vida.
me sinto tão exposta, tão nua. nem minhas tatuagens podem esconder o que eu sou.
nada me cobre. 
eu sorrio. porque eu sei sorrir, sempre soube. E o desespero me causa tanta repulsa que sou capaz de qualquer coisa pra me manter sã. SÃ, observe só essa palavra. Eu, tão mulher de mim, me vi sozinha, perdida e parcialmente acabada. é a reviravolta da vida, crua, é nadar com os tubarões. Se joga, se vira, dá seus pulo, você tem que levantar da cama e levantar essa porra de cabeça. não é assim a música-mantra da sua vida? "Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé"?
tenho ouvido toquinho e vinícius o dia todo. se fosse um disco, era capaz de riscar. porque olha, sei ser bem obssessiva às vezes.e sabe no que eu sou mais obessessiva nessa vida?
em sobreviver.

"é que os momentos felizes tinham deixado raízes no seu penar"

é mais do que falta o que eu sinto em mim. é mais do que poder ou não poder sofrer, é mais do que segurar essa onda, é mais do que o ódio em seu estado mais puro. é mais. é tão sem tamanho, é sem nome, é ser orfã de mim mesma.

esse blog não era sobre mim.

esse blog agora é sobre o tempo.
o tempo de renascer, o tempo de ser fénix, o tempo de ser miserável, o tempo da tormenta, o tempo de ouvir o seu maldito nome e não morrer. de novo. de desgosto, de coléra, de tétano, de úlcera, de morte morrida.
porque não é mais sobre morrer isso aqui.
é sobre como viver meus dias comigo.
eu de novo

meu golfo pérsico,
eu sou amor também


esse blog sempre foi sobre mim.





Um comentário:

Anônimo disse...

"é ser orfã de mim mesma".

caramba x2

Dizia o Rizek, meu professor:
- As vezes, repito para mim mesmo como um mantra: Deixa. (...) Deixa. (...) Deixa.