sexta-feira, 12 de julho de 2013

fazem 03 anos que o Dú morreu.

passei em frente ao Cemitério da Freguesia do Ó ontem, meu caminho solitário, diário e habitual, quando vi um monte de gente reunida, se abraçando e chorando e dizendo condolências umas às outras. pensei: "há exatos 03 anos atrás eu era uma dessas pessoas". é um sentimento tão louco. foram dias de extrema tristeza, de miséria, de questionar o inquestionável. foram meses de tormento, de choro doído, de alma moída, de desconforto. são anos de saudade e de amor incuráveis, anos de amizade feliz, verdadeira, recíproca. união, força, coragem.

fazem 03 anos que eu voltei a fumar.

seguir adiante sem você foi muito difícil; eu simplesmente não sabia o que fazer. nunca perdi alguém tão próximo à mim tão novo. eu não reconhecia mais aquele mundo onde eu fazia parte, e você não. parecia tudo tão fora do lugar...tão confuso...entrei numas vibes tão erradas sem você, cara. eu soluçava de chorar a cada vez que saía com meus amigos, porque parecia que eu não merecia aquilo. eu não merecia celebrar nada. não merecia estar num mundo sem você. eu expus ridiculamente meus sentimentos mais doloridos na sarjeta. eu não sabia me localizar mais. sua morte me fez pensar na minha própria irrelevância e mortalidade, na minha própria fragilidade. eu te bebi em mil garrafas de vodca barata, eu envergonhei meus amigos, eu exorcizei demônios que eu nem sabia possuir.
e todo aquele clichê de tempo (vai passar, vai amenizar, ele está melhor......) parecia apenas baboseira ridícula de quem nunca enfrentou o luto de peito aberto.

mas não era.

o tempo realmente cura feridas, veja você. demorei muito pra cair na real,viu?  demorei e quebrei a cara algumas vezes. eu precisava entender aquilo. entender aquilo de uma forma maior, e não mesquinha e egoísta  do jeito que eu estava fazendo. você sempre foi aprendizado pra mim, né eduardo? me ensinou em vida e me ensinou em morte. aquilo que eu tava vivendo não era digno da sua perda. foi um processo que eu tive que passar pra ressignificar minha própria existência, a minha própria vitimização. era (é) real, e era (é) dolorido. era a vida, a vida é assim.
demorei bastante tempo pra encontrar o equilibrio entre saudade e tormenta, entre vida e morte, entre eu e você. e nossa ligação. e tudo o que foi deixado disso. foram tantas coisas boas, cara. tem um grupo muito seleto de pessoas que se uniram depois que você se foi só pra recordar a sua importância nesse mundo. fomos visitar a sua mãe há menos de um mês atrás para falar sobre as burocracias de seus restos mortais,e olha...foi tão lindo. eu não cansava de olhar pro seu irmão que tem o mesmo modo de falar com as mãos que você tinha. eu te revivi ali, falamos tanta coisa boa, lembramos de nós mesmos e contamos as mesmas histórias que contamos toda vez que nos reunimos. sua mãe me pareceu bem, viu? serana, levando a dor dela com muita dignidade.fiquei muito feliz com aquele encontro.

sua morte precoce sempre será emblemática pra mim. tá na minhas veias. vou ter que viver com isso, e tenho vivido, meu grande amigo. vivo hoje com tudo o que construímos juntos. e consigo dar muito mais importancia pra tudo que nós fomos, pra tudo o que nós somos e pra tudo que nós sempre seremos do que pra aquele dia que perdemos você.
é tão bom quando a amargura dá lugar a saudade, no sentido pleno da palavra!
quando toda a loucura dá lugar a sanidade serena e verdadeira.
amor incondicional. a matriz de uma vida significativa.
já te disse obrigada um milhão de vezes em meus pensamentos.
sei que você vela por mim, eu apenas SEI disso.
não importa.
sempre me lembrarei de você como o melhor amigo que alguém pode ter.
como não me considerar um pessoa sortuda?
você me abençoa todos os dias.
sua existencia será celebrada por mim enquanto eu aqui estiver. com meus rituais de passagem.
você me ensina o que é o amor.
o amor é sangue.
e eu te amo.
(pra sempre!)



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