sexta-feira, 14 de junho de 2013

a mala

Eu pus tudo o que sobrou de mim naquela mala
devia ter uns quilos nela
eu me esquartejei toda
dilacerada entre
papéis
e
fotos
e memórias
e
tudo
preenchi cada pedacinho dela
com os meus
todo o esforço de uma vida ali
todas as reminiscências
couberam
e enquanto eu ia colocando
o que fomos nós
o que construímos
eu voltava um pouco no tempo
nostálgica, a mala gritava comigo
furiosa
o que doí é o fim, essa angústia
todas as coisas sagradas
que não me pertenciam mais
eu a fechei, eu a lacrei;
eu a empurrei escada abaixo
não queria mais ouvir as magóas
daquilo que poderia ter sido
mas não foi

Nenhum comentário: