sábado, 22 de junho de 2013

Ana Bolena

"Do you think a crown gives you power?"

um casamento destruído. uma nação desgraçada. você veio feito uma estrangeira, adentrando terras que não eram suas. uma bruxa, uma feiticeira. envenenou o pobre rei, angustiado, depressivo e infantil, alimentando seu ódio contra Leão e Castela. encarcerou a devota e querida rainha a um mar de suplícios sem fim. teus caprichos custaram a vida de milhares de servos, que temerosos, avisaram o pobre rei de suas artimanhas ardilosas. de nada adiantou. você virou a cabeça daquele insano homem feito de carne, osso, sangue e porra; você o fez romper com a Sua Santidade, o Papa de Roma. a ruína, sua, era só uma questão de tempo. aquele homem só te quis porque não te podia ter. você não percebeu isso? a partir do momento que você colocou aquela coroa você deixou de ser a estrangeira exótica e fantasiosa, estrangeira das palavras e inspirações sexuais: você virou a mulher do rei. não se lembra do que aconteceu à última?
você salgou a terra; queimou as pontes; isolou o reino; tirou o sono; decapitou princesas; você era a própria peste e tudo recaiu sobre as suas costas, magras e cansadas. você não segurou nada. como poderia? sempre coloquei a culpa de nossa desgraça em você. a casa caiu. o rei não tinha mais como te justificar. mandou te cortar a cabeça. e tudo isso pra que? por que? pra quem?
o rei, com sua coroa idiota, se safou ileso e foi aclamado pelo povo. coitado. viu sua cabeça rolar e soltou um risinho frouxo de desprezo, de canto de boca. o rei. orei.
eu entendi. você era um demônio muito particular, daqueles que vem ao mundo dos homens para destruir. sua ascensão foi meteórica. sua queda, um espetáculo publico, cheio de rancor e juras de maldição. 
e no final das contas, seu castigo foi muito maior do que a morte: passarás a eternidade toda sendo a outra.

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