quinta-feira, 23 de maio de 2013

dilacerada na selva de pedra



hoje eu tive a exata sensação do meu tamanho. pequena, andei pelas ruas sob a garoa fina com uma bigorna ancorada ao peito. a realidade cinza e fria da cidade se fundiu a mim, caminhei passos errantes, sem saber aonde estava indo. um desconforto tão leal, traguei a fumaça do meu cigarro na esperança de encontrar qualquer purificação. um desconforto que só cabe em meu peito, duro, urbano. o frio que corta e espalha algumas lágrimas perdidas, que insistem em vazar pelo meus olhos. senti que todos os prédios riam de mim, desse tamanho indefinido. todas as cicatrizes expostas, mesmo com todas as camadas de roupas e anseios que me cobrem. nua, minhas pernas sabem bem o peso dessa caminhada.
uma. bigorna. ancorada. ao. peito.

São Paulo, tu és a cidade dos meus pesadelos, mas também é contigo que tenho os sonhos mais bonitos.

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